Há uma seleção absurdamente vasta de filmes e documentários musicais disponíveis na Netflix, Hulu, HBO Go e por aí vai. Mas é difícil saber quais realmente valem seus 100 minutos. Watch the Tunes vai te ajudar a escolher qual documentário musical vale seu tempo todo final de semana. A edição desta semana cobre Gimme Danger, que está atualmente em streaming na Amazon Prime.
Conforme eu vou envelhecendo, não consigo deixar de notar que está ficando mais difícil sentir aquela potência visceral do rock and roll. Aquela reação involuntária onde você quer quebrar tudo, aquele sentimento que o rock and roll tem canalizado de forma eficaz desde que Bill Haley causou um tumulto com algo tão inofensivo quanto 'Me Rock-a-Hula.' Não sei se já passei tantas vezes pela mesma situação que fiquei calejado, ou se estou muito distraído com a correria e agitação da minha vida para simplesmente passar tempo deixando a música bater no meu peito como costumava. Talvez eu esteja procurando nos lugares errados. É nesses momentos de insegurança de 'tiozão' que tento voltar às origens daquela intensidade primitiva para dar um gás, e aí, bem na hora certa, surge Gimme Danger, um documentário de Jim Jarmusch sobre Iggy Pop e os Stooges, que deve fazer exatamente isso.
Não consigo imaginar um diretor mais perfeito para dirigir este filme do que Jim Jarmusch. Ele utilizou músicos como atores com um efeito excepcional em praticamente todos os seus filmes. Screamin Jay Hawkins e Joe Strummer em Mystery Train. Tom Waits em Down By Law. Membros do Wu Tang Clan em Ghost Dog: The Way of the Samurai. Poxa, ele até fez Iggy Pop usar uma touca em Dead Man, não que seja um traje mais espalhafatoso do que as várias roupas que ele já usou em apresentações ao vivo ao longo dos anos, mas ainda assim. Essa proximidade tanto com Iggy pessoalmente quanto com músicos de forma mais geral resulta aqui em um produto final que tem valor significativo tanto como um documento histórico quanto como um estudo de personagem sobre o próprio Pop.
O diretor e seu tema já têm um longo histórico, então há menos trabalho para chegar ao âmago da história da banda, mas Jarmusch adiciona esses pequenos toques estilísticos estranhos ao filme que o diferenciam dos outros documentários no estilo cabeça-falante que costumamos ver nesta coluna. Há as filmagens e fotos de arquivo necessárias para acompanhar as histórias apropriadas, mas há todos esses pedaços desnecessários, como um clipe antigo de uma mulher de biquíni batendo em um gongo que marca as divisões de capítulos no filme, e filmagens de um juiz de algum drama de TV dos anos 60 atuando como um chefe de gravadora. Além do simples prazer de uma boa história bem contada, esta foi de longe a diversão mais pura que eu tive assistindo a um documentário musical em muito tempo.
O que mais se destaca na história dos Stooges é que eles tinham raízes em um conjunto de influências incrivelmente diverso, já que, para todos os efeitos, eles tiveram que se inventar. Todas as bandas punk que vieram depois tiveram os Stooges como modelo, um ponto que o filme destaca com uma montagem de músicas dos Stooges sendo coverizadas por meia dúzia de pilares do punk. Mas os Stooges, e Iggy em particular, tinham a concisão de Soupy Sales e o anarquista residente de Howdy Doody, Clarabell o Palhaço, dos quais tiraram seu estilo. Uma das grandes histórias de criação na história da música é que os Ramones se tornaram uma banda não porque gostavam uns dos outros, mas porque eram os únicos caras na escola que amavam os Stooges.
Há um trecho de uma entrevista onde Iggy, faltando um dente de uma tentativa fracassada de mergulho no palco, explica algo ao apresentador descrevendo algo como '...É Dionisíaco, se você souber a diferença entre a arte dionisíaca e a apolínia...' antes de sermos levados a algum outro momento na história dos Stooges, mas você entende muito de Iggy ali mesmo. Sim, ele é capaz desses grandes urros bestiais, mas malditos sejam aqueles que subestimam o quão erudito ele era. Iggy, ao ouvir Scott e Ron Asheton pela primeira vez, descreve aquele momento epifânico da seguinte maneira: 'Nos Ashetons, encontrei o Homem Primitivo.' Quem fala assim? O mesmo cara que memoravelmente espalhou manteiga de amendoim por todo o corpo em um show.
Iggy, compreensivelmente, recebe a maior parte da glória aqui, mas Ron e Scott Asheton também têm seu devido reconhecimento. Ron faleceu em 2009, mas Jarmusch usa entrevistas mais antigas e outras partes para trazê-lo à vida para o filme. Scott passou horas conversando com Jarmusch, tanto solo quanto com Iggy ao seu lado, antes de morrer de ataque cardíaco em 2014. Suas mortes, bem como as mortes dos ex-membros do grupo Dave Alexander, Bill Cheatham e Zeke Zettner, são tratadas com respeito, mas sem um traço de sentimentalismo açucarado. Este filme é, de certa forma, um elogio para o grupo, e é uma despedida tão apropriada quanto qualquer pessoa poderia ter pedido.
Chris Lay é um escritor freelance, arquivista e balconista de uma loja de discos que vive em Madison, WI. O primeiro CD que ele comprou para si mesmo foi a trilha sonora de 'Dumb & Dumber' quando tinha doze anos e, a partir daí, as coisas só melhoraram.
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